Introdução: Geologicamente o Grupo Canastra é predominantemente composto por quartzitos e filitos prateados, grafitosos com pirita. Trata-se de um grupo de rochas metassedimentares de baixo grau metamórfico e idade neoproterozóica, cujo empilhamento estratigráfico ainda é alvo de estudos. Ocorrências minerais associadas ao grupo têm sido descritas ao longo do tempo, contribuindo para a compreensão geológica da área. A presença do rutilo é endêmica em certos locais e é o mineral de titânio com a maior concentração desse elemento, dentre os minerais já relatados, e pode ser utilizado para o entendimento dos eventos metamórficos em função do ponto de resfriamento e de sua facilidade em incorporar Urânio durante seu crescimento. Objetivo: Esse trabalho tem como intuito a caracterização morfológica e datação do rutilo associada ao Grupo Canastra. Material e métodos: Foram coletadas amostras em stonelines próximas à comunidade de São João Batista da Serra da Canastra, município de São Roque de Minas. Os pontos foram georreferenciados delimitando a área de prospecção. As amostras coletadas foram fotografadas, analisadas morfologicamente e quanto suas propriedades físicas e enviados à UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) para datação por LA-ICP-MS (Laser ablation inductively coupled plasma mass spectrometry) e TIMS (Thermal ionization mass spectrometry). Amostras foram também enviadas para análise no instituto de geologia da Universidade de Helsinki, na Finlândia, por TIMS. Resultados: as amostras apresentam cor vermelha, brilho quase adamantino, dureza e densidade compatíveis com rutilos de outras localidades. Os resultados da datação ainda são inconclusivos, possivelmente em função de baixas quantidades de urânio nas amostras analisadas. Houve variações entre 400, 540 e 670 milhões de anos. As amostras enviadas à Finlândia apresentaram Pb comum, mascarando a idade. Morfologicamente os espécimes coletados apresentam maclas cíclicas completas e incompletas, tipo Switzerland e Graves Mountain, Georgia, USA, associado às estruturas lateríticas. As dimensões são incomuns na literatura, ultrapassando 500 gramas em alguns casos. Conclusão: A ocorrência de Rutilos no Grupo Canastra demonstra potencial para avanços dos estudos geológicos do Grupo, os resultados obtidos, ainda que parcialmente, contribuem para enriquecer o acervo de informações geológicas e ampliar a compreensão dos eventos metassedimentares associados.